sábado, 1 de maio de 2010

Ferrari no banco dos réus.

Essa semana saiu em vários sites reportagens sobre uma acusação de que a Ferrari estaria divulgando a marca de cigarros Marlboro com o design dos macacões dos pilotos da equipe. Li um livro, “A lógica do consumo”, de Martin Lindstrom onde ele faz uma análise mais profunda sobre esse tipo de “publicidade”.

Desde que foi proibida a propaganda de cigarros nos meios de comunicação, as empresas além de serem obrigadas a imprimirem imagens grotescas nos versos das embalagens de cigarro, tiveram que se virar nos 30 para divulgarem suas marcas, afinal, que marca sobrevive escondida?

Primeiro, as imagens impressas nos versos dos maços de cigarro agem inversamente ao proposto pelos ministérios da saúde de 123 países do mundo. Eles queriam lembrar as pessoas que aquele produto é maligno à saúde e, de certa forma, causar repulsa nos consumidores. Só que exames com IRMF – Imagem por Ressonância Magnética Funcional – mostraram que os fumantes sentem-se estimulados a fumarem quando vêem aquelas imagens, isso porque estimulam uma parte do cérebro conhecida como nucleus accumbens responsável pelo desejo.

E onde entra a Ferrari nisso? Estão acusando a empresa automobilística de uso de mensagem subliminar. Os uniformes remontam a imagem dos maços Marlboro, a própria cor é semelhante a da marca. Ok. Até esse ponto tudo certo, afinal mensagens subliminares são proibidas nas propagandas, mas então, imagens de cowboys cavalgando, filmes de faroeste, bares temáticos decorados nas cores vermelho “Marlboro” e com adornos de faroeste, também devem ser banidos, afinal, como provou os exames com IRMF, quando um fumante assiste a isso o desejo inconsciente de fumar é ativado.


Martin Lindstrom traz em seu livro o exemplo da Silk Cut, empresa tabagista, que se preparou para a proibição dos anúncios de cigarro. Meses antes da proibição, começou a mostrar sua marca nas propagandas sempre em um fundo de seda roxa. Com o fim das veiculações publicitárias, a empresa instalou, nas estradas britânicas, outdoors com uma facha roxa, sem ter nada escrito. Meses depois, quando questionadas, 98% das pessoas – fumantes potenciais - associavam as publicações a marca Silk Cut sem saberem, exatamente, o por quê.


Esse tipo de propaganda não acontece somente com cigarros, quantas outras marcas não fazem associações diversas para nos atingirem? Nesse caso específico, cabe a nós nos conscientizarmos de que FUMAR não é a melhor solução para nenhum tipo de problema, muito pelo contrário, é o início para uma série de problemas de saúde.

Proibição não ensina nada a ninguém, muitas vezes é 100% estimulante.

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